Ignorar Comandos do Friso
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​​​​​​​​​​​A crise global de saúde pública marcou os desenvolvimentos macrofinanceiros do país e dos seus parceiros nos últimos meses. 


Os esforços, sincronizados, de contenção da propagação do novo coronavírus, de fortalecimento dos serviços de saúde e de proteção de vidas humanas resultaram na contração do produto interno bruto (PIB) em volume do país na ordem dos 13 por cento em termos homólogos no primeiro semestre. As economias da Área do Euro, dos EUA e do Reino Unido-principais parceiros económicos do país- contraíram 9, 4 e 11 por cento, respetivamente, no primeiro semestre de 2020 face ao primeiro semestre de 2019. 


A  crise exacerbou, também, em larga medida, as vulnerabilidades externas e orçamentais do país. A balança corrente registou um défice de 11,4 por cento do PIB no primeiro semestre, o défice e a dívida do Estado (incluindo os Títulos Consolidados de Dívida pública e a dívida contraída pelas autoridades nacionais junto ao Fundo Monetário Internacional) atingiram em agosto de 2020, respetivamente, 3,5 e 146 por cento do PIB projetado para o ano.

Entretanto, favorecido por medidas de política monetária prudenciais e orçamentais acomodatícias, o sector monetário manteve-se líquido e o crédito ao sector privado aumentou 1,4 por cento entre dezembro de 2019 e agosto de 2020 (1,1 por cento entre dezembro de 2018 e agosto de 2019).

Considerando os desenvolvimentos macrofinanceiros recentes e as hipóteses de enquadramento externo e de políticas macroeconómicas atualizadas, as presentes projeções do Banco de Cabo Verde apontam para uma contração do produto interno em bruto em 2020 de 8,1 por cento, no cenário de base, e 10,9 por cento, num cenário adverso. As projeções atuais internalizam uma deterioração mais grave do enquadramento externo, uma duração maior que antecipada das restrições à atividade económica nacional e da interdição de voos internacionais face ao avanço da epidemia no país e, consequentemente, uma retoma mais gradual da economia aos níveis pré-crise.

O PIB em volume poderá crescer cinco por cento em 2021, garantidos o controle da pandemia a partir do segundo trimestre do ano. Caso contrário, o crescimento económico poderá não ultrapassar os 3 por cento no próximo ano.

As incertezas que rodeiam o processo de recuperação da economia nacional, do pior choque sofrido desde a independência, demandam um reiterado esforço de acomodação monetária pelo banco central. Neste contexto, garantidas a estabilidade de preços e pressões na balança de pagamentos comportáveis para a credibilidade do regime cambial, o Banco de Cabo Verde mantém inalterada a sua política acomodatícia.

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