04/11/2020 Outubro e Abril Resumo I9AA crise global de saúde pública marcou os desenvolvimentos macrofinanceiros do país e dos seus parceiros nos últimos meses. Os esforços, sincronizados, de contenção da propagação do novo coronavírus, de fortalecimento dos serviços de saúde e de proteção de vidas humanas resultaram na contração do produto interno bruto (PIB) em volume do país na ordem dos 13 por cento em termos homólogos no primeiro semestre. As economias da Área do Euro, dos EUA e do Reino Unido-principais parceiros económicos do país- contraíram 9, 4 e 11 por cento, respetivamente, no primeiro semestre de 2020 face ao primeiro semestre de 2019. Relatório de Política Monetária de Outubro de 2020A crise exacerbou, também, em larga medida, as vulnerabilidades externas e orçamentais do país. A balança corrente registou um défice de 11,4 por cento do PIB no primeiro semestre, o défice e a dívida do Estado (incluindo os Títulos Consolidados de Dívida pública e a dívida contraída pelas autoridades nacionais junto ao Fundo Monetário Internacional) atingiram em agosto de 2020, respetivamente, 3,5 e 146 por cento do PIB projetado para o ano.Entretanto, favorecido por medidas de política monetária prudenciais e orçamentais acomodatícias, o sector monetário manteve-se líquido e o crédito ao sector privado aumentou 1,4 por cento entre dezembro de 2019 e agosto de 2020 (1,1 por cento entre dezembro de 2018 e agosto de 2019).Considerando os desenvolvimentos macrofinanceiros recentes e as hipóteses de enquadramento externo e de políticas macroeconómicas atualizadas, as presentes projeções do Banco de Cabo Verde apontam para uma contração do produto interno em bruto em 2020 de 8,1 por cento, no cenário de base, e 10,9 por cento, num cenário adverso. As projeções atuais internalizam uma deterioração mais grave do enquadramento externo, uma duração maior que antecipada das restrições à atividade económica nacional e da interdição de voos internacionais face ao avanço da epidemia no país e, consequentemente, uma retoma mais gradual da economia aos níveis pré-crise.O PIB em volume poderá crescer cinco por cento em 2021, garantidos o controle da pandemia a partir do segundo trimestre do ano. Caso contrário, o crescimento económico poderá não ultrapassar os 3 por cento no próximo ano.As incertezas que rodeiam o processo de recuperação da economia nacional, do pior choque sofrido desde a independência, demandam um reiterado esforço de acomodação monetária pelo banco central. Neste contexto, garantidas a estabilidade de preços e pressões na balança de pagamentos comportáveis para a credibilidade do regime cambial, o Banco de Cabo Verde mantém inalterada a sua política acomodatícia.Relatório de Política Monetária de Abril de 2020A economia nacional registou um desempenho favorável em 2019. O produto interno bruto (PIB) em volume cresceu 5,7 por cento e a inflação média anual reduziu de 1,3 para 1,1 por cento, de acordo com o Instituto Nacional de Estatística.As contas externas tiveram um desempenho sem precedentes na história recente do país, tendo o défice da balança corrente caído para os 0,2 por cento do PIB e o stock das reservas internacionais líquidas aumentado 133 milhões de euros, passando a financiar 6,9 meses de importações de bens e serviços. O défice das contas públicas, por seu turno, reduziu de 2,7 para 1,8 por cento do PIB, de acordo com o Ministério das Finanças, em resultado do aumento excecional dos donativos e da contração do investimento público. O aumento das disponibilidades líquidas sobre o exterior, na ordem dos 25 por cento, e o crescimento do crédito à economia, em 3,9 por cento, determinaram, entretanto, a expansão da massa monetária.O ciclo de crescimento da economia nacional dos últimos anos deverá ser, no entanto, invertido pelos não antecipados e ainda incertos impactos da pandemia de Covid-19. Num quadro de incertezas sobre a evolução do enquadramento externo e do contexto sanitário e macroeconómico interno ímpar, as atuais projeções do Banco de Cabo Verde apontam que a atividade económica poderá contrair 4,0 por cento, no cenário central, e 6,1 por cento, num cenário adverso. A inflação, por sua vez, poderá reduzir para 0,9 por cento, no primeiro cenário, ou aumentar para 1,2 por cento, no segundo cenário. Ciente do aumento dos riscos à estabilidade macrofinanceira do país no curto e médio prazos, decorrentes da pandemia de Covid-19 e das medidas de atenuação do seu efeito, a autoridade monetária e supervisora do sistema financeiro nacional reforça a sua capacidade de monitorização e mitigação atempada dos mesmos. Partilhar